Para as
poucas pessoas que costumam seguir o meu blog, não é surpresa nenhuma o fato de
eu não ter postado nada há mais de um ano e meio. A razão pela qual isso
aconteceu? Possuo algumas pistas, mas certeza, eu não tenho. O certo é que o tempo
foi passando, a vida seguindo, e apesar de continuar escrevendo, eu já não
compartilhava mais minhas ideias. O mais interessante, para não dizer outra
coisa, e que a nossa trajetória e mesmo feita de ciclos, pois dezoito meses
depois estou eu aqui, novamente, passando pelo mesmo turbilhão de emoções que me
inspiraram a começar este blog. Uma vez tulipa, sempre tulipa!
Quero acreditar
que as experiências vividas fizeram-me uma pessoa mais forte e consequentemente
alteraram meus comportamentos para melhor, que o fato de perceber novos padrões
de comportamento em mim, e também nas outras pessoas ao meu redor, identificar ações
e reações às quais eu não conseguia, e claro, terapia… ah a velha amiga terapia;
de alguma forma ajudou a direcionar luz
nos cantos escuros da minha mente. Tenho plena consciência que alguns comportamentos
são e está tão arraigado em nós, que fica quase impossível saber quando e como acabamos
por desviar dos propostos postulados novamente. Ainda assim gosto de acreditar
que viver não é, e nem pode ser algo complicado, e que nós complicamos os
fatos. Isso pode ser um clichê, mas existem alguns clichês que pude comprovar
serem verdadeiros ao longo dos meus 42 anos de idade, por exemplo, onde há fumaça...
Ha fogo!
Hoje
olhando para o passado, distante e recente, vejo que parei de compartilhar
muitas coisas, não só meus textos, mas minhas emoções, meus desejos, minhas ansiedades,
meus momentos felizes e até mesmo as minhas tristezas, seja através dos meus
textos ou através de conversas com amigos, por telefone, por e-mail ou mesmo pessoalmente.
Eu fui isolando-me, escondendo-me, aceitando e resignando-me com as escolhas
que fiz ao longo da vida. Em nome de sentimentos, amores e paixões, tomei
atitudes que me custaram mais do que lágrimas e noites de insônia, atitudes
essas que serei obrigado a lidar com as consequências pelo resto de meus dias. Usei
o ritmo desvairado do meu trabalho para justificar minhas ações. Coloquei-me em
situações onde tive minhas capacidades profissionais e emocionais colocadas em
cheque e fui puxado e testado para além dos meus limites, lidei com a rejeição
e com a preocupação que somente adultos, pelo menos a maioria deles, sentem.
É claro que
tudo isso aconteceu com o meu aval, na maior parte das vezes inconsciente, o
elemento consciente existiu, pois a cada dia eu permitia ser sugado mais e mais
para dentro dessa roda vida chamado stress, e claro foi sem muita surpresa que acabei
por negligenciar pessoas, fatos, acontecimentos e sentimentos, mas acima de
tudo isso, eu negligenciei a mim mesmo e as minhas próprias necessidades.
Já foi dito
por várias pessoas e em várias ocasiões que o mais triste nesse mundo é que
todo indivíduo possui as suas razões, até mesmo assassinos e estupradores. Eu
acreditava que estava tomando as atitudes corretas, que era preciso trabalhar
mais para ganhar mais dinheiro, para poder pagar e manter o estilo de vida
conquistado, que tudo, um dia, em um futuro próximo seria justificado. Um
sentimento meio católico, e olha que nem religioso eu sou! Onde todas as ações,
boas e más, seriam perdoadas e justificadas em nome do companheirismo, da
promessa de não chegar à fase tardia da minha vida, sozinho.
Não existem
certezas nessa vida, mas a realidade é que me escondi por de traz de uma relação,
onde eu acreditava estar recebendo o que eu precisava, ou pelo menos apontando
para a direção correta, enquanto na verdade, nem eu mesmo sabia que, o que eu
estava recebendo, ou mesmo oferecendo para a outra pessoa, não era o que eu
queria, ou muito menos o que a outra pessoa precisava ou estava à espera, “Você
deu-me remédio para dor de cabeça, mas eu estava com dor no pé”.
Com o
passar do tempo eu percebi que o que eu recebia não era o que eu queria, mas na
época, eu fui simplesmente acostumando-me com tudo e aceitar a vida como ela, era
tornou-se algo corriqueiro. Eu sempre dizia para mim mesmo, “Isso é a vida”, ou
pior “Não tenho isso, mas pelo menos, tenho aquilo, “É preciso passar por isso
para se chegar a algo melhor”, enfim, atitudes que hoje, com clareza, sei que não
foram as mais acertadas, pois elas me conduziram para um lugar onde a ignorância
fez morada e eu não fui capaz de distinguir o que era desejos da minha ilusão
ou realidade, ou ainda o que as outras pessoas realmente desejavam ou estavam à
espera. Mesmo quando eu questionava, não era um questionamento com
profundidade, era algo superficial, pois eu precisava continuar a “viver”, eu não
via outra saída, não existia outro caminho, era lutar ou lutar! Além do mais, quem
era eu para questionar isso? A cada dia, em meu caminho para o trabalho, em meio
ao mar de gente que compartilhavam o trem para Londres, eu podia ver as mesmas
expectativas e ansiedades que eu estava enfrentando, estampada nos rostos que
me rodeavam, e de alguma forma aquilo me consolava, aquietava-me a alma, pois eu
não era a única pessoa no mundo perdida no processo de “viver”, e assim em meio
a esse conformismo coletivo, nos tornamos parceiros da luta cotidiana.
Não existe
certo ou errado em relações humanas. Ninguém pode condenar uma pessoa por
desejar algo na vida, e todos nós temos o direito de ir atrás daquilo que acreditamos
ser o melhor para nós. Isso, posto dessa forma é muito bonito e correto, mas é claro
que temos problemas em aceitar determinadas resoluções, pois nos causa dor, ressentimento
e mágoas, principalmente quando você continua a acreditar que os fins
justificam os meios. Enfim, também é verdade que de alguma forma devemos
trabalhar estes sentimentos em nossas mentes. Não, não é fácil! Ninguém disse
que seria, mas também não é impossível.
Uma vez
disseram-me que amigos são anjos que são colocados na nossa vida para nos
mostrar o caminho correto, quando nos sentimos perdidos. Eu considero-me muito afortunado
por ter alguns “anjos” em minha vida; sim porque maridos, esposas, namorados e
namoradas, infelizmente, vêm e vão! Amigos? Ficam! E acredite-me, você precisa
deles para te dar outra perspectiva do que você esta realmente fazendo com a
tua vida.
Lembro-me
quando eu era criança, minha mãe sempre dizia que meu pai sempre deu mais valor
aos amigos do que a própria família… Bom, acho que meu pai não e o melhor
exemplo para ser usado aqui. De qualquer forma, meu ponto é não importa o quão
acuado, ou repetitivo você esteja se sentindo, os seus amigos vão entender que você
está simplesmente passando por um processo de limpeza da alma, que às vezes é
preciso se repetir até chegar o momento da clarificação, aquele momento onde
finalmente você te escuta e as peças do quebra cabeça se acertam e você consegue
ver a figura se formando na sua frente, ou seja, a ficha caiu! Infelizmente é através
da repetição que aprendemos e fixamos o conhecimento, alguns chamam esse
processo de aprendizagem ou memorização. Lembra-se da tabuada? Portanto…
Use os seus
amigos, mas não abuse, e não tenha medo de se expor, eles vão te dizer quando
parar se for o caso, mas o certo é que provavelmente você vai perceber quando
parar por conta própria.
Hoje eu olho
para o futuro com confiança, mas com ansiedade, e para ser sincero, às vezes
com medo. Tenho dias melhores, e dias piores, tento focar-me nas coisas boas e
na esperança de que dias melhores virão e que os desafios serão superados, mas
confesso que existem momentos em que sinto um frio na barriga e chego a achar
que sou uma farsa, que não sou essa pessoa forte que meus amigos veem e admiram,
mas de uma coisa eu tenho certeza, é preciso pelo menos tentar, se não por mim,
pelo menos por todos os “anjos” que sempre acreditaram em mim e que me amam.
Como um dia
disse Cazuza “Um sorriso não significa
sempre que estamos felizes, mas sim o quão somos fortes.”
Sorria
sempre, respeite seus amigos sempre. Um abraço e um bom dia.
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