Há algumas semanas atrás eu revi o filme “O Casamento do meu melhor Amigo”. Para quem não conhece, é um filme dirigido pelo P.J. Hogan e foi lançaado em 1997. A primeira vez que vi o filme foi em San Francisco, onde estva entre queridos amigos. Desde então este filme tem sido um marco importane em diferentes situações ao longo dos últimos 12 anos, sem contar que a trilha sonora do filme é simplesmente maravilhosa.
Dentre as várias situações que me chamam à atenção no roteiro do filme, destaca-se uma determinada cena onde Jules Potter (Julia Roberts) liga para seu amigo George (Rupert Evertt), desesperada, pois ela esta prestes a perder de vez, não só seu melhor amigo, como a grande paixão da vida dela, Michael (Dermot Mulroney), já que em menos de 48 horas ele vai se casar com Kimberly (Cameron Dias). George não atende o telefone quando Jules liga, ao invés disso ele deixa que a secretária eletrônica atenda a chamada. Em viva voz Jules fala barbaridades e impropérios. O engraçado aqui, é que George está a meio de um jantar com o namorado e a familia dele. No outro dia, George pega um avião para Chicago e vai ao encontro de Jules em Chicago para estar com ela.
Porquê esta parte do filme me inspirou a escrever este post? Já explico... Eu sempre tive a consciência de que eu sou uma pessoa popular. Sabe aquele tipo de pessoa que sempre tem alguém a volta delas? Pois bem, eu sou assim! Não sei explicar exatamente o que acontece, mas sei também que isso é um pouco contraditório, pois sou uma pessoa meio que anti-social, e as vezes até mesmo tímida. O fato é que durante a minha adolescência, vamos esquecer a infância, até porque neste momento não ando podendo falar desta fase! Eu fui o elemento aglutinador de vários grupos, onde a partir do momento em que eu deixava o grupo, de uma forma ou de outra ele se desfazia. Sartre pode até explicar isso, não estou com paciência para isso agora!.
Se você parar para pensar, existe uma grande variedade de relações e sentimentos entre os membros de um grupo, e o faato de vocè pertencer a um grupo, não quer dizer que todos os elementos deste grupo irão ter o mesmo tipo de relacão, em outras palavras, nem todos serão seus melhores amigos! Mas você sempre se importa com os membros do grupo em níveis diferentes.
Agora, lembrei-me de minha mãe, que sempre me disse que “amigos sao os dentes, e mesmo assim eles te mordem”, portanto, confiar em amigos nunca foi algo encorajado na irmandade do silêncio, na qual eu fui criado. Mas como bom rebelde que sou, acabei por estabelecer relações com um grande número de pessoas, para desespero de minha projenitora!
Em tempos recentes, eu passei por situacões onde a solidão acabou por se tornar uma fiel companheira. Mais uma vez preciso citar minha célebre sabia mãe: “Cabeça vazia... oficina do Diabo”. E eu tenho que adimitir que em algumas ocasiões, o Diabo é uma excelente companhia. Foi gracas ao fato dele ter tomado conta da minha cabeça que eu pude perceber determinados padrões que eu vinha seguindo, nem sei ha quanto tempo, e por nao serem claros para mim até então, eram ignorados. Mas, uma verdade depois que é revelada, nunca mais pode ser escondida. Veja o terceiro segredo de Fatima, por exemplo! Aliás, o que é o terceiro segredo mesmo?
O tempo passou, e com a ajuda de algumas pessoas muito queridas, muita disposição e uma excelente terapeuta, que tem me custado os “olhos da cara”, eu finalmente coloquei o enxofrento para correr. Não dava mais, o calor era imenso, e além do mais eu descobri que o buraco em que eu estava, nem era assim tao fundo como eu imaginava, e que minha solidão só havia tomado proporções gigantescas, porque eu estva muito ocupado dando atenção ao que o chifrudo dizia. Um belo dia, minha consciência clareou um pouco, e eu então pude olhar para trás para entender a merda que havia acontecido, pude reavaliar minhas atuais opções e de uma forma tímida olhar para meu futuro próximo. E foi durante esse exercício que eu me dei conta de que o número de pessoas com as quais eu posso contar em um momento dificil na minha vida são muito poucas! Eu posso, com certeza usar os dedos de uma mão para contá-los. E nao estou falando da mâo do Lula, neste caso eu iria precisar de mais de uma!
Eu entendi que algumas pessoas, para não dizer a maioria delas, que antes chamavam-me de “amigo”, que viveram momentos importantes comigo, que partilharam minha casa e minha vida, que de uma forma ou de outra me “prometeram” amizade, simplesmente tomaram a atitude de me ignorar, e por essa razão elas tiveram que ser reclassificadas como “colegas”, “conhecidas” “amigas de buteco” ou simplesmente “pessoas com as quais eu posso ter algo divertido de tempos em tempos”, sim, porquê família você não escolhe... mas amigos...
E é aqui que entra a analogia com o filme, pois os meus amigos de verdade “pegaram um avião” para estarem comigo, alguns literalmente! Cruzaram o oceano e vieram ter comigo. Outros “pegaram um avião” através de horas de conversas ao telefone, outros “pegaram um avião” através de e-mails e mensagens celualres, mais ainda, os que nao tiveram comdições de “pegar um avão”, “alugaram um pombo correio moderno”, que entregaram mensagens através de sites sociais como Facebook e Orkut.
Eu não sou uma pessoa ingênua, eu acredito que as pessoas são movidas pelas suas prioridades, e eu me incluo aqui. Em nenhum momento durante meu processo particular, eu achei que todos os meus “amigos” tinham a obrigação de entrarem em contato comigo, principalmente no início de tudo. Entendo que as vezes é melhor não falar nada, ficar quieto no seu canto. Algumas vezes, quando as pessoas começam a te ligar, a primeira reação é de pensar que eles querem saber detalhes, os quais você nao está muito disposto a liberar. Eu tenho a consciência de que muitas vezes as pessoas acham que estao se intrometendo na vida dos outros e por isso mesmo preferem se afastar. Portanto... Tá tudo bem... tá tudo ótimo!
O tempo foi passando, e as pessoas continuavam caladas. Cheguei mesmo a comentar este fato com algumas pessoas, mas como o tempo é o melhore remédio, eu fui jogando a “batata quente” de um lado para o outro na minha mente. Quando eu achei que eu ia jogar água fria de vez na desgracada da batata, eis que do nada, eu começo a receber algumas manifestações “mensagens” contendo explicações do porque eu não fui contatado antes. Foi então que resolvi divagar sobre este tema, e durante um destes momentos de dribles mentais, eu imaginei a seguinte conversa entre meu Ego e meu Superego:
Superego: Porque algumas pessoas que eu sempre considerei amigos, nunca me ligaram para saberem como eu estava lidando com tudo isso?
Ego: A culpa é sua! Quem mandou ter amigos espalhados pelo mundo. Vocè bem sabe que a maior parte dos seus amigos vivem em países ou continentes diferentes! Telefonema internacional não fica barato!
Superego: Mas eles poderiam ter me mandado uma mensagem no celular...
Ego: Você sabe quanto custa uma mensagem no celular? Além do mais é uma coisa complicada, pois é algo... I-N-T-E-R-N-A-C-I-O-N-A-L, e claro... é mais dinheiro... e você sabe que dinheiro não dá em árvore...
Superego: É faz sentido, meus amigos são muito necessitados, coitados! Eles não podem gastar com coisas superflúas não é verdade? Mas um e-mailzinho poderia ter rolado nao é mesmo?
Ego: A maior parte dos seus amigos não possuem internet em casa! Aliás, os e-mails de piada que eles te mandam são enviados através da internet do trabalho, a qual muitas vezes eles acessam as escondidas! É por isso que eles só fazem forward do e-mail, que é para não perder tempo escrevendo nada pessoal.
Superego: É tá certo... a vida não está fácil mesmo... Mas nem uma mensagem no orkut, ou facebook? Afinal de contas eu tenho uma conta lá! E todos os dias quando eu entro lá, eu vejo meus “amigos” emoldurados na minha página.
Ego: Pelas mesmas razões anteriores, as pessoas não têem tempo para messagens pessoais.
Superego: E o tweeter?
Ego: Voce nao tem tweeter!
Superego: Ah tá! Desculpa! Eu havia me esquecido disso, também para que ter uma conta lá não é mesmo?
Eu preciso dar a mão à palmatória, pois eu também sofro deste mal. Não sou a melhor pessoa do mundo para manter contato com algumas pessoas, principalmente aquelas que de alguma forma se perderam ao longo da minha jornada, e algumas delas continuam sendo imortantes para mim. Ja cometi muitos erros em relação a isso. Ja meti o pé na poça, magoei pessoas que amo, mas eu gosto de acreditar que aprendi com os meus erros e que continuo tentando pois é algo que tenho trabalhado em mim.
Pare para pensar quantos amores chegaram e se foram, quantas pessoas disseram que te amava e que hoje você nem sequer sabe onde elas estão. Lembre-se das pessoas que te convidaram para ser padrinhos ou madrinhas de casamento, ou mesmo aquelas que te chamaram para batizarem uma criançca, e que por alguma razao sumiram da sua vida, sem deixar rastro.
Lembre-se que o destino decide quem vamos encontrar na vida... mas sao as atitudes que decide quem fica ...
E então... Por quem você pegaria um avião?
Tenha um bom dia
Laureano Marques
